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Coluna do PVC: Copa do Mundo será a mais disputada
Esqueça a ideia de que haverá um adversário fácil no Mundial do Qatar, porque não tem
CORREIO DO ESTADO / PAULO VINíCIUS COELHO - PVC
O sorteio dos grupos da Copa do Mundo é uma boa oportunidade de mudar a cultura e olhar para a qualidade das seleções sem prestar atenção apenas à tradição. A Alemanha, no segundo pote, dá medo.
Por outro lado, explica-se a classificação secundária pela eliminação na fase de grupos da Copa de 2018, por levar 6 a 1 da Espanha, perder da Macedônia do Norte e ser eliminada da Euro nas oitavas de final.
Contraponto é a Suíça, que desclassificou a Itália, classificou-se às quartas na Eurocopa, torneio em que tirou a França e perdeu da Espanha, nos pênaltis. Por tradição, é muito pior enfrentar os alemães do que os suíços. Na prática, os dois impõem risco.
O que desequilibra o sorteio é a necessidade de incluir anfitriões como cabeças de chave. A melhor maneira de reequilibrar seria colocar o nono colocado do ranking na chave do Qatar. Nem assim a Alemanha seria contemplada, porque seu ranqueamento atual é pior do que o de Holanda e Dinamarca.
Não se perca pelos nomes. A Sérvia venceu Portugal em Lisboa e tem dupla de ataque formada por Tadic, do Ajax, e Vlahovic, contratação mais cara do inverno europeu, € 70 milhões pagos pela Juventus à Fiorentina. A Holanda voltou a ter Louis Van Gaal como técnico. Em nove jogos, marcou 28 gols, enfrentando adversários como Alemanha e Dinamarca.
Até o México, sem forças para desbancar o Canadá da primeira posição da Concacaf, eliminou a Alemanha na fase de grupos da última Copa. O Mundial tem oito candidatos ao título e inúmeras possibilidades de zebras. França, Brasil, Alemanha, Bélgica, Argentina, Espanha, Holanda e Portugal. Qualquer um desses pode levantar a taça.
Dos últimos cinco campeões, quatro foram desclassificados na fase inicial. A França caiu em 2002 para Senegal, a Itália foi eliminada com derrota para a Eslováquia, a Espanha perdeu a vaga para o Chile e a Alemanha voltou para casa mais cedo ao ser derrotada pela Coreia do Sul, resultado que ajudou a classificar mexicanos e suecos.
O Brasil está mais forte do que parecia há um ano. Conquistou três vitórias seguidas por 4 a 0, sobre o Paraguai, o Chile e a Bolívia. Nenhum dos três vai à Copa. Preocupa só ter encarado um rival europeu neste ciclo de quatro anos –ganhou da República Tcheca em 2019.
Não é uma exclusividade brasileira. A Argentina comemora a maior sequência invicta de sua história, com 20 vitórias, 11 empates e um único confronto contra europeu, igualdade com a Alemanha, há três anos.
Parece melhor fugir dos clássicos e não ter Alemanha ou Holanda, para aumentar a perspectiva de a seleção evoluir durante a campanha. Mas esqueça a ideia de que haverá adversário fácil.
Não tem.
A Croácia foi vice-campeã e a Bélgica terminou em terceiro na Copa do Mundo mais recente, que teve o Uruguai em quinto, o Brasil em sexto e a Argentina na 16ª colocação.
Nunca houve tanto conhecimento de futebol espalhado por tantos países. Os possíveis lanternas podem ser o Qatar, estreante, além de Canadá, Irã e Tunísia, sem nunca avançar aos mata-matas. Todos os outros 25 classificados já estiveram ao menos nas oitavas de final.
Estarão presentes sete campeões, dois vices, três terceiros colocados, dois quartos, sete países que alcançaram as quartas de final e quatro participantes das oitavas.
Dos repescados, Costa Rica, Peru e Ucrânia já chegaram às quartas e a Austrália disputou as oitavas em 2006. Em 2014, eram sete calouros nos mata-matas. Há quatro anos, seis. Esta vai ser a Copa mais disputada de todas.