Eduardo Riedel deixa o governo e Marquinhos Trad encaminha renúncia

Ontem pela manhã, prefeito confirmou que marcou renúncia para sábado à tarde; Riedel oficializou pré-candidatura ao governo

CORREIO DO ESTADO / CELSO BEJARANO, EDUARDO MIRANDA


PRÉ-CANDIDATOS Eduardo Riedel e Marquinhos Trad participaram de eventos ontem, visando as eleições de outubro - Divulgação

Na semana decisiva para a formação das chapas da sucessão do governo estadual nas eleições de outubro, passos importantes começaram a ser dados ontem e devem ser concretizados até este sábado.  

Ontem à tarde, Eduardo Riedel deixou a Secretaria de Infraestrutura do governo de Mato Grosso do Sul para se dedicar exclusivamente à sua pré-candidatura a governador.

 Também na quinta-feira, pela manhã, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), falou em tom de despedida aos vereadores, encaminhou sua renúncia (que promete formalizar amanhã) e afirmou que sua vice, Adriane Lopes (Patriota), será uma boa prefeita.  

Em meio às movimentações, os bastidores também ferveram, com mais políticos trocando de partido. A aliança em que Riedel deve ser candidato ao governo é a que ganhou mais parlamentares no período de janela partidária. Nesta quinta-feira, por exemplo, conseguiu mais uma adesão: a do deputado federal Dagoberto Nogueira, que trocou o PDT pelo PSDB.  

Riedel caminha para coligar nas eleições majoritárias (as coligações estão proibidas na eleição proporcional) com os partidos da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve tentar a reeleição. Nela estão siglas como o PL, o PP (que recebeu a deputada federal e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina) e o Republicanos.  

No evento em que anunciou sua saída do governo, Riedel levou consigo outros sete integrantes do primeiro e do segundo escalão da administração estadual.  

Além dele, deixaram o governo: o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, que será candidato a deputado federal; o secretário de Cultura, João César Matto Grosso; o diretor da Fundação do Desporto de MS (Fundesporte), Marcelo Miranda; o secretário especial de MS em Brasília, Pedro Chaves; o superintendente do Procon-MS, Marcelo Salomão; a subsecretária de Defesa da Mulher, Luciana Azambuja; e o presidente da Sanesul, Walter Carneiro Júnior.  

Nem todos os substitutos haviam sido confirmados ontem. Por enquanto, assumem os interinos Renato Marcílio (Secretaria de Infraestrutura, no lugar de Riedel), Flávio Brito (Saúde), Sílvio Lobo (Fundesporte) e Marta Rocha (Sanesul).  

Riedel já falou como pré-candidato logo após deixar o governo. “Estou entrando na disputa pelo governo sem inimigos políticos; adversários, apenas', afirmou.

O pré-candidato também já se adiantou para tentar se blindar de eventuais ataques que a administração Reinaldo Azambuja (PSDB), que ele tentará suceder, venha a receber. “Na campanha, não venham com debate raso', avisou.  

Marquinhos

Se no governo a saída de Eduardo Riedel da administração é bem fácil, na Prefeitura de Campo Grande, a renúncia de Marquinhos Trad (PSD) não é tão simples como parece. Ontem, o prefeito já falava como pré-candidato e discursou em tom de despedida nos eventos que participou.  

O Correio do Estado apurou que Marquinhos Trad já assinou sua carta de renúncia, mas que ela só será publicada no Diário Oficial em uma edição extra, a sair amanhã, data-limite para ordenadores de despesa e ocupantes de cargos do Poder Executivo deixarem suas funções. “Não tenho dúvida nenhuma que Campo Grande vai continuar em boas mãos', foi assim que Marquinhos Trad se despediu dos vereadores e anunciou sua vice, Adriane Lopes, como a próxima prefeita da Capital.  

“Campo Grande vai ter como presente a primeira mulher prefeita eleita democraticamente', disse Marquinhos a Adriane Lopes. A menção sobre ser eleito democraticamente é porque, em 1983, a professora Nelly Bacha havia sido nomeada prefeita pelo então governador Wilson Barbosa Martins.  

Mas, na quinta-feira, Marquinhos não se limitou a anunciar Adriane. Também falou como candidato e deu seu recado, alfinetando possíveis adversários e integrantes de grupos rivais.

“Eu vejo pessoas querendo retornar ao poder e outras iniciando. A população não pode ser usada como teste', disse o prefeito, que promete ficar no cargo só até este sábado.  

Na manhã de ontem, ainda elaborou um perfil que ele considera que é o que a população quer para o próximo governador: “Uma pessoa com a vida passada limpa e uma vida futura sem nenhum contratempo com a Justiça', resumiu.

Cenário

As decisões tomadas ontem deixam o cenário para outubro repleto de possíveis candidatos ao governo. Por enquanto, além de Eduardo Riedel e Marquinhos Trad, a deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e o ex-governador André Puccinelli (MDB) também se colocam na disputa no campo da centro-direita. 

Pela ala conservadora, Beto Figueiró (PRTB) tem colocado seu nome na disputa ao governo.  

À esquerda, o Rede Sustentabilidade, que está em vias de criar uma federação com Psol, tem o vereador de Campo Grande professor André Luis como pré-candidato. O PT fala em lançar o ex-governador Zeca do PT como pré-candidato ao governo. Zeca, porém, ainda está inelegível, e o nome do ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci, volta a ser cogitado. (Colaborou Thais Libni)