Caminhos da Vida

Deus corre a seu encontro para perdoar. Enquanto os humanos exigem justiça, Deus oferece misericórdia

CORREIO DO ESTADO / DA REDAçãO


Venildo trevizan - Frei

A tradição da Igreja nos leva a celebrar essa semana como a semana das dores. E a celebração da Páscoa será a próxima. 

Alegria para os corações iluminados pela fé e sustentados pelo amor. Preocupação para os corações atribulados pela dor de algum contratempo, ou por algum desgosto. 

Tudo poderá ser amenizado se houver tempo para a reconciliação com a vida e com o próprio Deus.

Temos todo o tempo de retomar o caminho da fé, elaborando uma revisão das atitudes e dos objetivos abraçados, na esperança de poder encontrar consolo na dor e na esperança, no lutar por alguma causa justa. Haverá algo a agradecer e haverá algo a corrigir, desde que haja reconhecimento das próprias fraquezas.

A Bíblia Sagrada destaca um fato que chama atenção de qualquer ser humano que seja sensível aos apelos de Deus manifestados em acontecimentos comuns da convivência humana. Mesmo que nem todos reconheçam, existe algo para pensar e para aprender.

O Mestre dos mestres encontrava-se no Monte das Oliveiras, lugar escolhido por ele para o recolhimento e para as orações de intimidade com o Pai. 

Um grupo de fariseus, tendo surpreendido uma mulher em adultério, e sabendo onde se encontrava o Mestre, foram a ele levando essa mulher. Colocaram-na no meio da multidão e disseram: “Agora mesmo essa mulher fora apanhada em adultério. Moisés mandou-nos, na Lei, que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes?'.

Perguntaram isso para pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Ele, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra... Como eles insistiam, ergueu-se e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a jogar a pedra'. E, inclinando-se, continuou escrevendo na terra.

A essas palavras, eles sentiram-se acusados pela própria consciência e foram se retirando um após o outro, a começar pelos mais velhos. Finalmente viram o erro que cometeram. 

Certamente, também eles seriam cúmplices da situação em que se encontrava aquela mulher. Esqueceram os seus erros e queriam cumprir a lei, julgando que, ao condenar a mulher, estariam livres dos pecados.

O Mestre viu a consciência que os acusava, e não a Lei já vencida. Sempre é bom lembrar que toda pessoa é portadora de valores e de fraquezas, de bênçãos e de maldades, de graças e de pecados. Mesmo que se considere alguém do bem, terá de reconhecer suas fragilidades e seus próprios erros.

Sempre será mais cômodo condenar do que salvar. Sempre será mais cômodo acusar do que perdoar. Só Deus usa de misericórdia. 

Só ele vê o coração e se prontifica em acolher, perdoar e salvar. Somente ele se mostra misericordioso e benevolente, oferecendo seu amor e seu incentivo em recomeçar sua vida de fé.

Deus jamais abandona a quem o procurar. Ele estará sempre atento para caminhar junto, não para vigiar ou fiscalizar, mas para incentivar e fortalecer em sua fé. 

Enquanto os humanos pensam em vingar alguém que traiu, Deus corre a seu encontro para perdoar. Enquanto os humanos exigem justiça, Deus oferece misericórdia. Enquanto os humanos querem condenar, Deus envia seu Filho para salvar.