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Grupo Dançurbana viaja por 11 cidades de MS em turnê de aniversário
Serão dezenas de apresentações, oficinas e encontros de mediação artística em Campo Grande, Dourados, Corumbá e outras oito cidades
CORREIO DO ESTADO / MARCOS PIERRY
Com uma apresentação no Centro Espírita Francisco Thiesen (Aero Rancho), a Cia Dançurbana deu partida, na quarta-feira, em um ambicioso projeto de itinerância que, a partir de Campo Grande, percorrerá mais outras 10 cidades sul-mato-grossenses oferecendo espetáculos e outras atividades voltadas para o público infantil gratuitamente.
É a terceira edição do Circula Dançurbana, que tem por objetivo principal promover a fruição de espetáculos de dança criados especialmente para os pequenos.
A proposta é sensibilizar também pais, responsáveis e a sociedade em geral quanto à relevância da arte e da cultura para o desenvolvimento sensível e cognitivo das crianças.
Campo Grande, Sidrolândia, Nova Alvorada do Sul, Rio Brilhante, Dourados, Rochedo, Jaraguari, Bandeirantes, Aquidauana, Corumbá e Três Lagoas são as cidades que vão receber as ações do projeto, que se estenderá pelos próximos sete meses.
Na Capital, além do Aero Rancho, a Casa de Ensaio, em apresentação voltada para o público em geral com audiodescrição, e outras duas comunidades receberam a companhia de dança durante o fim de semana – São Conrado, na sede da Central Única das Favelas (Cufa), e a comunidade Aldeia Urbana Estrela da Manhã (Bairro Noroeste).
ESPETÁCULOS
O espetáculo escolhido para as apresentações deste esquenta, antes de ganhar a estrada interior a dentro, foi “R.U.I.A. – Realidade Ultrassônica de Invasão Aleatória'.
Nas 10 cidades, o público poderá conferir “R.U.I.A.', outra montagem, “K-ZUU', encontros de mediação artística com crianças e adolescentes e ainda oficinas para arte-educadores e professores.
Criado para o público do primeiro setênio, entre 0 e 7 anos, “K-ZUU' – batizado assim em referência ao instrumento musical kazoo, onomatopeia que sugere o som de alguns insetos e a imagem de um casulo – inspira-se na imagem da metamorfose de uma lagarta para criar um ambiente referenciado pelo próprio ciclo da criança: o desenvolvimento do ser, unidade onde o que é físico, anímico e espiritual se misturam, segundo Rudolf Steiner (1861-1925), o criador da antroposofia.
Voltado para crianças do segundo setênio, entre 7 e 14 anos, quando ocorre, por exemplo, o desenvolvimento das relações sociais, da memória cronológica e a compreensão da ligação entre causa e efeito, “R.U.I.A' é um espetáculo que “recria o recrear', lançando mão de estímulos e objetos que são ressignificados e reinventados para propor um ecossistema de criaturas mitológicas, brincadeiras e jogos da infância.
LABORATÓRIO
Para as criações desses trabalhos, o grupo propôs a transversalidade de linguagens: poesia, brincadeiras, teatro, música, palhaçaria, contação de história e dança.
Ao longo do processo, o diretor e os intérpretes-criadores participaram de diversas oficinas e workshops.
Em paralelo, a companhia fez uma ampla pesquisa bibliográfica, aprofundou-se nos estudos e pôde descobrir mais sobre a infância por meio de uma linha de pensamento proposta pelo alemão Rudolf Steiner, que, além da antroposofia, envolve a pedagogia Waldorf e uma subdivisão da infância e da vida adulta em diferentes setênios (ciclos).
ARTE-EDUCAÇÃO
Marcos Mattos, diretor da companhia, considera a aproximação com os arte-educadores e as ações nas comunidades o grande diferencial desta terceira edição do Circula.
O projeto conta com patrocínio da MSGás, por meio de leis federais de incentivo à cultura, e parceria da Cufa e da Casa de Ensaio, que abriu seu espaço para a Dançurbana realizar ensaios.
“Acho que essa ação junto com os arte-educadores vai potencializar o Circula. Queremos trocar com eles essa relação que a gente faz entre a dança e a educação infantil', afirma o coreógrafo.
“O projeto é a continuidade do trabalho que a gente vem desenvolvendo nestes 20 anos de companhia, que é um diálogo constante e permanente com a comunidade em que fazemos parte. Há muitos anos desenvolvemos trabalhos com as escolas públicas e a comunidade e fomentamos a formação de arte-educadores e professores. Então, é a concretização e a continuidade desse propósito', avalia Marcos Mattos.
INFÂNCIA
Sobre a escolha de espetáculos infantis para a circulação, o diretor da Dançurbana explica que há muito tempo a companhia vem estudando a cultura da infância.
Mattos e os dançarinos acreditam que as mudanças e os estímulos começam desde cedo na vida do indivíduo.
“Nosso desejo é que cada vez mais crianças e adolescentes tenham contato com as artes, em especial, neste caso, com a dança, para que eles consigam se sensibilizar e viver uma experiência de fruição artística', afirma.
“Sabemos que a maioria das pessoas muitas vezes não tem acesso às manifestações artísticas e culturais, então, o nosso desejo é estar cada vez mais perto das pessoas', completa. Mais informações: www.dancurbana.com.br/, na fanpage ou pelo Instagram.