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Fundação de Cultura vai ensinar artesãos a empreender
Após Semana do Artesão, em Campo Grande, Fundação de Cultura convoca cidades do interior para temporada de oficinas do projeto Artesania/MS
CORREIO DO ESTADO / MARCOS PIERRY
A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) lançou uma convocação para os municípios do interior do Estado mobilizarem suas comunidades em torno do projeto Artesania/MS.
Interrompida há sete anos, a iniciativa consiste em um conjunto de oficinas que busca oferecer capacitação e promover a criação e a consolidação de núcleos produtivos nas cidades por onde passa.
Grupos, instituições privadas e prefeituras interessadas em fazer parte do projeto devem entrar em contato com a Gerência de Desenvolvimento das Atividades Artesanais da FCMS por e-mail – [email protected] – ou por telefone – (67) 3316-9107 –, para obter mais informações ou deflagrar o processo de parceria.
O Artesania/MS foi criado em 2007, com o propósito de fortalecer o artesanato produzido em Mato Grosso do Sul, e retoma suas atividades este ano, após a realização da 14ª Semana do Artesão, em Campo Grande, que movimentou o segmento e trouxe perspectivas para artesãos e comerciantes do setor.
No ano passado, mesmo com a pandemia em altos índices, o Artesania já ensaiou a retomada, com uma versão reduzida e on-line. Sete oficinas, no total, foram disponibilizadas para as comunidades de três municípios, além da Capital, durante o mês de outubro de 2021:
Arte em argila para a confecção de travessas em formato de porco ou peixe do Pantanal (Rio Verde); rede de corda e couro natural (Corumbá); tecelagem de lã de carneiro e fio de algodão (Caarapó); modelagem em argila de onça pantaneira com filhote na boca (Campo Grande); mosaico de azulejos (Campo Grande); Nossa Senhora regional em cerâmica (Campo Grande); charme pantaneiro com jeans usado e faixa paraguaia (Campo Grande); e arte em argila para a confecção de expressões humanas (Campo Grande).
ETAPAS
Os atendimentos do Artesania 2022 começaram ontem nos municípios de Caarapó, Coxim e Jardim, onde foram realizadas oficinas técnicas de capacitação.
Em Caarapó, o artesão Cleber de Brito ministra a oficina de modelagem de cerâmica dos bichos do Pantanal, e, em Coxim, a artesã Andreia Lacet oferece a oficina de cerâmica utilitária.
O projeto atua em etapas que podem, ou não, ser desenvolvidas em um mesmo núcleo produtivo. São as características e demandas de cada localidade que definem o formato a ser adotado.
Antes de realizar as oficinas, a equipe da Fundação realiza uma visita técnica para mapear o município interessado e construir um diagnóstico da realidade local. Em seguida, um alinhamento entre as duas partes consolida a ação mais adequada para o fomento da produção na comunidade.
OFICINAS
Na prática, a forma de atuação do Artesania contempla três abordagens nas oficinas: oficinas técnicas, oficinas de design e oficinas de gestão. As oficinas técnicas são compostas por um programa de capacitação e um de aperfeiçoamento e reciclagem.
O primeiro envolve o conhecimento sobre o manejo das técnicas artesanais tradicionais praticadas em Mato Grosso do Sul, utilizando as matérias-primas abundantes nas regiões envolvidas.
O programa de aperfeiçoamento e reciclagem visa melhorar o conhecimento dos artesãos no manejo das técnicas e nos processos de produção, com a possibilidade de otimizar ou inserir matérias-primas novas, oriundas de núcleos de artesanato já em produção.
Já as oficinas de design buscam desenvolver uma linha inédita de produtos, exclusivos ou padrão, tendo como meta final a conquista de novos mercados.
O design de produtos é uma estratégia para aumentar a competitividade do produto a ser posto em circulação.
Essas oficinas são realizadas, normalmente, em núcleos de produção que se encontram em estágio avançado, ou seja, bem estruturados e com produção constante, necessitando do projeto para a confecção de novos produtos para projeção no mercado.
Nas oficinas de gestão, os tópicos são a formação de preço de venda, gerenciamento e atendimento ao público, buscando a profissionalização e o empreendedorismo do profissional artesão.
A ideia é que as comunidades tenham a oportunidade de empreender uma fonte local de trabalho e renda sustentável a curto e médio prazo, fomentando, assim, a criação de núcleos produtivos respaldados e competitivos para inserção no mercado.
$EMANA
Realizada de 18 a 26 de março, a 14ª Semana do Artesão teve um dos seus destaques na Feira do Artesanato, que ocupou o estacionamento do Shopping Campo Grande e registrou um total de R$ 72.500,00 em vendas no varejo, efetivadas por 85 artesãos presentes.
A rodada de negócios, promovida pela FCMS e pelo Sebrae em 24 de março, movimentou R$ 327.520, valor que ficou bem acima da cifra, de aproximadamente R$ 100 mil, movimentada em 2021. Participaram 33 artesãos e 10 compradores de fora do Estado.
A Semana do Artesão é realizada anualmente pela FCMS e a Secretaria de Cultura e Turismo da Capital (Sectur), com o apoio das entidades representativas dos artesãos de MS.
É o principal evento de celebração do Dia do Artesão (19 de março) e procura funcionar como um momento de articulação e fortalecimento dos profissionais do setor.
“Foi um evento muito esperado, após dois anos de pandemia, já que, em 2020, tivemos que cancelar e, em 2021, tivemos a experiência de fazer de forma virtual. Este ano, voltamos de forma presencial. De acordo com os bons resultados, voltamos com o crescimento da geração de renda dos artesãos', afirma Katienka Klain, gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da FCMS.
Homenagens e uma vasta programação tornaram a semana ainda mais bem movimentada. “O volume de visitantes nos shows e de participações nas oficinas também foi um grande termômetro para medir o sucesso do evento', diz a gerente.