Bolsas caem com ata do Fed, o Banco Central Americano, reforçando inflação e juros altos

Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa caiu 0,55%, a 118.227 pontos

CORREIO DO ESTADO / FOLHAPRESS


Em um dia azedo para o mercado financeiro mundial devido ao aumento da percepção de que a guerra na Ucrânia pode ter um impacto mais relevante do que o esperado na inflação, a divulgação da ata da reunião realizada em março pelo comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) reforçou o pessimismo de investidores.

Mercados de ações do Brasil e dos Estados Unidos, que negociavam em baixa desde as primeiras horas desta quarta-feira (6), fecharam em queda após o documento mostrar que as autoridades do Fed discutiram aumentos mais agressivos da taxa de referência para os juros do país e planos para a diminuição da participação do órgão em títulos.

Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa caiu 0,55%, a 118.227 pontos. Empresas do setor de tecnologia e varejo, mais sensíveis à alta dos juros, puxavam o indicador para baixo.

No mercado de câmbio, o dólar subiu 1,15%, a R$ 4,7150. A moeda americana voltou à casa dos R$ 4,70 apenas três pregões após ter afundado perto dos R$ 4,60, quando atingiu a menor cotação em mais de dois anos.

Juros mais altos nos EUA podem forçar altas ainda maiores nas taxas de países emergentes, como o Brasil, com a intenção de evitar fuga de capital para os títulos do Tesouro americano. Ao mesmo tempo, esse movimento tende a valorizar o dólar e diminuir a disposição de investidores para aplicações mais arriscadas em ações de empresas.

Agora, além de continuar a elevar a taxa de crédito, a autoridade também deverá iniciar a redução da sua carteira de títulos, que acumula cerca de US$ 9 trilhões (R$ 41 trilhões).

Durante a pandemia, uma das estratégias do Fed para amenizar o resfriamento econômico foi injetar liquidez no mercado por meio da compra mensal de cerca de US$ 120 bilhões (R$ 554 bilhões) em títulos imobiliários e do Tesouro. Esse programa foi encerrado neste ano. Agora, para diminuir o seu balanço patrimonial, o banco permitirá que esses títulos vençam.

A ata da reunião realizada em março aponta que o Fed discutiu reduzir o seu balanço em até US$ 95 bilhões por mês (R$ 446 bilhões) a partir do mês que vem, quando realizará a sua a próxima reunião.

'Um Fed 'hawkish' significa que o crescimento será inibido porque a alta dos juros inviabiliza projetos', disse Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Hawkish é um termo utilizado no mercado financeiro para descrever uma política monetária restritiva quanto à oferta de crédito para combater a inflação. Na situação contrária, quando medidas para expansão da economia são adotadas, o mercado diz que a autoridade monetária está 'dovish'.

Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital, disse que a ata deixou claro que o Fed está consideravelmente preocupado com os efeitos inflacionários da guerra na Ucrânia e que tomará 'as medidas necessárias' para recuar a inflação para a meta de 2% ao ano. Hoje a alta anual de preços nos EUA está na casa dos 7%.

PETROBRAS CAI APÓS NOVA LIBERAÇÃO DE RESERVAS DE PETRÓLEO

O preço de referência para o petróleo bruto iniciou uma forte queda na tarde desta quarta, pouco depois do anúncio de novas liberações de reservas estratégicas mundiais. No início da noite, o barril do Brent recuava 4,54%, a US$ 101,80 (R$ 478,06).

Ações de petrolíferas brasileiras perderam valor na Bolsa de Valores. Os papéis mais negociados da Petrobras abandonaram a ligeira alta das primeiras horas do dia para fechar em leve queda de 0,09%. A PetroRio perdeu 2,08%.

A Agência Internacional de Energia informou nesta quarta que seus países membros concordaram em liberar 120 milhões de barris de petróleo das suas reservas, com os Estados Unidos contribuindo com metade desse volume.

A parte oferecida pelo governo americano virá da retirada geral dos seus estoques estratégicos, segundo o comunicado da agência no Twitter.

O presidente Joe Biden já havia anunciado a liberação de 180 milhões de barris da reserva dos Estados Unidos.