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Fim de semana concentra maioria dos acidentes de trânsito em Campo Grande
Conforme a Agetran, o período de maior incidência das colisões começa a partir das 6h de sexta-feira e segue entre as noites de sábado, das 18h às 23h59
CORREIO DO ESTADO / MARIANA MOREIRA
De janeiro a março, 27 pessoas morreram no trânsito de Campo Grande, um crescimento de 68,7%, quando comparado às 16 mortes no primeiro trimestre de 2021, conforme dados do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran).
A imprudência, atrelada ao descumprimento das regras, é responsável, ainda, pela maior incidência de colisões nos fins de semana.
Conforme a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), o período de maior incidência de acidentes começa a partir das 6h de sexta-feira.
A concentração das colisões nos fins de semana segue entre as noites de sábado, das 18h às 23h59min, e domingo, da 0h às 5h59min.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, 839 sinistros (acidentes) com vítimas foram registrados na Capital.
Entre as colisões sem vítimas, incluindo atendimentos de conciliação, foram registradas 2.111 ocorrências.
Segundo o professor especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira, fatores como término do período intenso de atividades econômicas ao longo da semana fazem com que o trânsito às sextas-feiras fique caótico.
“Com a chegada do recesso do fim de semana, temos um volume maior de veículos circulando e, em razão disso, desorganização no fluxo viário e caos no sistema de trânsito. Por consequência, o tempo semafórico se torna inadequado e há sobrecarga nas vagas de estacionamento, nos pontos de carga e descarga e nas vias, de modo geral', ressaltou.
Maior incidência
Conforme a Agetran, os acidentes de trânsito são registrados com maior frequência em Campo Grande nas avenidas Afonso Pena, Guaicurus, Duque de Caxias e das Bandeiras.
De acordo Carlos Alberto Pereira, por serem vias extensas e que cortam a cidade, proporcionalmente, são locais de maior incidência de colisões.
“Tanto a Duque de Caxias, quanto a Afonso Pena são avenidas extensas classificadas como arteriais, onde o trânsito não é rápido.
Pelo próprio comprimento, os acidentes tendem a ocorrer mais nessas regiões', explicou o especialista em trânsito.
Conforme Pereira, a Avenida Guaicurus, que é ideal para o tráfego por ser larga, estimula os motoristas a transitarem acima da velocidade permitida, o que resulta em mais colisões.
Fatores de risco
Ao Correio do Estado , a chefe de Educação para o Trânsito da Agetran, Ivanise Rotta, relatou que o principal fator de risco para um acidente é o excesso de velocidade.
Em Campo Grande, os condutores devem dirigir em um limite de 50 km/h nas vias.
“Qualquer velocidade que eu pratique maior do que os 50 km/h, coloco em risco a minha vida e a das outras pessoas que estão circulando. Os horários de madrugada são um convite à velocidade, pela falta de veículos nas ruas e por nossas vias serem largas, com os condutores aproveitando para acelerar, ultrapassar durante o sinal vermelho, o que resulta em colisões', salientou.
Outro fator que corrobora para o aumento de acidentes no trânsito é o álcool associado à direção.
“Quando está alcoolizado, o condutor se sente estimulado a empreender alta velocidade', afirmou Pereira.
Para o especialista em trânsito, a solução para evitar acidentes está na prevenção em conjunto com a fiscalização.
“Ações antes de o acidente ocorrer e de a população se colocar em risco são necessárias. Uma operação de bloqueio das vias se restringe a uma situação já instalada com muitos condutores embriagados', pontuou.
Principais vítimas
Em um recorte mais preciso, os motociclistas são as maiores vítimas do trânsito. Nos primeiros três meses deste ano, 19 condutores de motos perderam a vida, conforme dados compilados até o dia 31 de março.
Comparado ao mesmo período do ano passado, houve crescimento de 137,5% nos registros de mortes de motociclistas, quando 8 pessoas perderam a vida em acidentes no município no primeiro trimestre.
Mudanças
Conforme o engenheiro e especialista em trânsito Albertoni Martins, os motociclistas precisam de um projeto definido e executado nas vias de circulação, para que o zigue-zague seja evitado.
“Apenas a fiscalização não resolve, só gera revolta, por causa da arrecadação de multas. Estamos vivendo uma nova fase da segurança no trânsito, em que a confiabilidade das vias é o principal ponto. É necessário que a engenharia executada nas vias seja pensada na projeção do aumento do fluxo de motocicletas', afirmou o especialista.