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Figueira centenária é paisagem morta no canteiro central da Afonso Pena
Árvore será retirada no domingo (10) e material servirá de adubo para viveiro municipal
CORREIO DO ESTADO / LéO RIBEIRO
Centenária no canteiro central da Afonso Pena, uma figueira morta que fica em frente ao colégio Joaquim Murtinho começa a ser retirada nesse domingo (10), a partir das 06h. Vítima de fungos e da falta de nutrientes do solo, a árvore será substituída por outro exemplar da mesma espécie.
Logo cedo um trecho da avenida começa a ser interditada, para que os galhos que cruzam sobre a Afonso Pena possam ser retirados. 'Chegou num momento que ela pode ter risco de queda em via, pegar uma pessoa, igual uma seringueira que caiu num rapaz esses tempos atrás na cidade', comenta Luís Eduardo Costa, secretario Municipal de Meio Ambiente e Gestão urbana (Semadur)
Desde 2017 o exemplar vem sendo monitorado, quando começou a apresentar um problema muito agudo, afetado pela falta de nutrientes, pelos fungos e excesso de lixo acumulado na cavidade central da árvore.
'Aqui já é o trabalho de prevenção de segurança. Essa doença que ela pegou foi de anos e anos sem cuidado. Na cava central, o que tirou de lixo, quando a gente começou a mexer nessas árvores, aqui dentro foi retirado um monte de troço que o pessoal ia jogando', explicou o secretário.
Conforme o auditor fiscal da Semadur, Marcel Cavallario, outra figueira foi selecionada para ocupar o espaço devido à uma questão histórica, para que se mantenha o padrão. 'Tem gente que fala 'vamos meter Jatobá', outras coisas maiores e diferentes. Não, porque o canteiro está tombado com essas características, então o entendimento da gerência é uma forma de sugerir que seja feita o plantio de outra da mesma espécie', aponta ele.
Sobre a retirada, o trabalho é feito em parceria com a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran). 'Sempre que tem poda, remoção ou aplicação do óleo de neem à noite, ela é super nossa parceira, ou interditam a via, ou pelo menos uma parte dela, para que pessoas operem os aparelhos com segurança', pontua Cavallario.
Marcel destaca ainda a junção de fatores que levaram à morte da figueira. 'Se houver uma cavidade muito grande no centro, se no interior houver um oco ou podre muito grande, isso também condena ela, pois há uma maior possibilidade de falha da madeira e queda do exemplar. O que provavelmente ocasionou a morte desse exemplar foi a falta de nutrientes do solo'. Ele ainda diz que, normalmente na natureza as folhas as se decomporem fornecem os nutrientes necessários para o solo, fator que não acontece devido à varrição e compactação do solo, que prejudica não somente esse exemplar, como todas as árvores da região.
Vanderson Lisboa trabalha com a Semadur desde 2017 e acompanhou todo o processo para tentar salvar a árvore. Ele aponta que, mesmo com anos de trabalho, observar o fim de uma árvore ainda é comovente.
'Abala com certeza. Nós ficamos tristes, porque é um patrimônio histórico, uma árvore notável que a gente sente a presença dela. Mas infelizmente tem que ser retirado, porque a questão de fungos pode ser que seja transmissível e passe para a próxima, aí a gente vai perder mais. Aí é mais fácil perder uma, manter as outras, repor essa, mas com certeza a gente fica muito triste', afirma.
Ainda, mesmo morta essa figueira que sairá da Afonso Pena poderá ser reaproveitada de outras formas, inclusive dando vida a outras espécies.
'A empresa que faz a remoção tem uma máquina que tritura a madeira. Aí ela é aproveitada tanto no viveiro de mudas da cidade, quanto nos nossos centros de educação ambiental, uma parte é feita compostagem, outra vai virar adubo e nutriente para outras coisas', finaliza o auditor fiscal.