Geral
Caminhos da vida
E quem ama não repara pecados ou fraquezas. Respeita. E procura não interferir, apenas sugerir
CORREIO DO ESTADO / DA REDAçãO
Venildo trevizan - Frei
Esta é a principal semana na vida daqueles e daquelas que aderiram à fé cristã. Essa é a semana que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição do Senhor Jesus.
Inicia com a comemoração de Ramos. Ato esse em que o herói era recebido espalhando ramos ou tapetes pelo chão, como enfeite e gesto de carinho e gratidão a quem conquistara troféus e escravos em alguma batalha.
O herói vinha montado em ricos e poderosos cavalos, e, festivamente, comemoravam as vitórias e os inimigos como escravos, o sequestro de seus bens e de suas famílias. Faziam questão de mostrar ao povo tudo quanto haviam conquistado.
Jesus também, após ter percorrido os arredores de Jerusalém e ter curado tantos doentes, alimentado tantos famintos, tendo aberto os olhos de tantos cegos e os ouvidos de tantos surdos e tendo anunciado o Reino de Deus a todos os povos, decidiu dirigir-se a Jerusalém.
Não escolheu montar, como herói, um cavalo, símbolo do poder, da força física, da guerra e da morte.
Decidiu montar um jumento, símbolo da humildade, do serviço dos trabalhadores e destinado às atividades humildes.
Mas o povo quis festejar, acolhendo-o festivamente como o grande e verdadeiro herói, com cânticos e hosanas e enfeitando o caminho com ramos verdes. Esse povo não sabia o que aconteceria dentro de mais alguns dias.
Jesus, porém, sabia. Sabia que esse povo que o aclamava com “Hosanas' hoje, amanhã o condenaria com “Crucifica-o'. E sua atitude era de silêncio e de compaixão. Assim acontecendo, aceita a manifestação desse povo. Guarda em seu coração a dor e continua semeando amor.
Os cristãos de todos os tempos e de todos os lugares continuam celebrando esse gesto heróico. Pois ele não apenas aceita, ao entrar em Jerusalém, as homenagens, quanto aceita ser julgado, embora falsamente, ser condenado a morrer em uma cruz.
Quando tudo pareceria estar consumado ao ser sepultado, Deus Pai surpreendeu a todos, ressuscitando-o entre os mortos e levando-o de volta glorioso ao seio da Trindade Santa.
Aquilo que para o mundo parecia um fato encerrado, continua, hoje, vivo e verdadeiro nos corações cristãos dispostos a conviver e a caminhar com ele no caminho da salvação.
Para quem ainda tenha dificuldade em crer, ele é a imagem do Deus vivo e verdadeiro. Quem o vê, vê a Deus Pai, pois ele é a humanidade do Pai.
Nele o divino se faz humano e o humano se faz divino. Mesmo que alguém não consiga admitir, o certo é que ele caminha no mesmo caminho em que nos encontramos.
Não importa o caminho escolhido. Mesmo que seja o caminho da indiferença religiosa. Mesmo que seja o caminho do ateísmo, ou o caminho da droga, da infidelidade, do rancor, do ódio, ou de outros tantos pecados, assim mesmo ele continua em seu caminho. Não para fiscalizar ou cobrar. Simplesmente por amar.
E quem ama não repara pecados ou fraquezas. Respeita. E procura não interferir, apenas sugerir. Em seu coração há espaço para quem sentir em si a necessidade de alguma luz, de alguma mão carinhosa e de algum sopro de paz.