Estudantes protestam pela manutenção do curso de Licenciatura Indígena na UFGD

Manifestação foi feita em frente à Reitoria da UFGD na manhã de sexta-feira(08)

CORREIO DO ESTADO / JUDSON MARINHO


Reunião entre representantes dos estudantes e o reitor Lino Sanabria - Ricardo Zanella // Jornalismo ACS // UFGD

Os estudantes indígenas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), protestaram nessa sexta-feira(08) em frente da Universidade, pedindo a permanência do curso de Licenciatura Intercultural Indígena 'Teko Arandu'na grade acadêmica.

Oito representantes dos estudantes foram recebidos pelo reitor, professor Lino Sanabria. O estudante Fábio Turibo, que vem de Caarapó para estudar na UFGD, apresentou as demandas dos alunos, que se mostraram preocupados com a possibilidade de não ter aulas no próximo semestre.

As reivindicações dos estudantes são: aumento de recursos para a próxima etapa presencial do seu curso, aumento no número de bolsas ofertadas pelo Ministério da Educação (MEC) pelo programa Bolsa Permanência e a construção de uma Casa de Alternância.

Em conversa com os estudantes, o professor Lino informou que no dia 28 de março, esteve em Brasília para solicitar esses recursos ao MEC, porém recebeu uma negativa do Ministério, que alega impossibilidade de financiamento, nos moldes que o curso é ofertado.

Com relação ao Programa Bolsa Permanência, o professor Lino informou que a Reitoria mandou ofício para o Ministério da Educação solicitando a ampliação do número de bolsas. “Nós argumentamos que em Dourados temos a maior reserva indígena em território urbano no Brasil, e, além disso, atendemos estudantes de todo o Estado que vêm para UFGD estudar. No entanto, conseguimos somente sete ou oito bolsas a mais', falou Lino. 

Nos próximos dias haverá uma reunião com os professores da Faculdade Intercultural Indigena (FAIND) para apresentar aos servidores a situação e discutir algumas propostas de encaminhamento. Reitor da Universidade salientou que está comprometido em buscar soluções para que os estudantes indígenas continuem tendo acesso à universidade.

Importância do curso

A Licenciatura Intercultural Indígena 'Teko Arandu' foi criada em 2005 a partir de programas especiais do Ministério da Educação. O Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais indígenas (PROLIND), forneceu recursos para formação de algumas turmas.

O 'Teko Arandu' é um curso voltado para a formação de professores indígenas das etnias Guarani e Kaiowá. Os professores podem escolher uma das quatro áreas do conhecimento para estudarem e lecionar quando formado: Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e Ciências da Natureza. 

O estudante Eladio Benites, morador de Paranhos, afirmou que a FAIND transformou a vida dos estudantes que ser formaram e também das suas comunidades. “Após a implantação da FAIND, mais estudantes indígenas se sentiram encorajados a entrar nos outros cursos da UFGD. Tem muitos indígenas hoje na faculdade, precisamos de apoio para seguir estudando. Nós não podemos desistir', explicou Eladio.

A primeira turma da licenciatura foi formada em 2011, e ao longo so anos os egressos do curso vêm atuando nas comunidades do Estado, melhorando o ensino nas escolas das reservas indígenas, pois estão capacitados a articular os saberes da cultura tradicional no processo de aprendizagem de crianças e adolescentes.

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