Mato Grosso do sul

Sem Zeca, PT é forçado a se renovar; Giselle é cotada para substituí-lo

Partido ainda não definiu novo pré-candidato; advogada, terceira colocada na eleição da OAB no ano passado, é um dos nomes

CORREIO DO ESTADO / CELSO BEJARANO


Giselle Marques, 3ª colocada na eleição da OAB-MS em 2021, virou opção para substituir Zeca do PT na pré-candidatura ao governo -

Desde a segunda metade dos anos 1980, há mais de 40 anos, o PT de Mato Grosso do Sul depende, nos períodos das eleições majoritárias – de escolha de prefeito, governador e senador –, exclusivamente de José Orcírio dos Santos, Zeca do PT, o primeiro e, às vezes, único nome que salta como opção certa nas disputas eleitorais.  

Neste pleito de 2022, contudo, a história dos petistas promete mudar. Não por vontade da sigla, mas porque Zeca renunciou à pré-candidatura e, agora, o partido viu-se obrigado a lançar novos candidatos. O nome mais forte e possivelmente já acertado para substituir o ex-governador é o da advogada petista Giselle Marques.

Junto da troca da pré-candidatura, o PT promove uma mobilização popular nas redes sociais, com o propósito de incentivar os jovens a partir de 16 anos de idade a buscarem o título de eleitor e a “participarem mais da política'.

GISELLE MARQUES

A advogada Giselle Marques, 54 anos, é filiada ao PT desde 1986, quando tinha ainda 18 anos e cursava Direito. Ela ainda não disputou eleição para cargo público. Concorreu no ano passado à presidência da OAB regional, mas perdeu.

Até ontem, o presidente da executiva regional do PT, Vladimir Ferreira, não confirmava definição acerca do nome da advogada Giselle Marques no lugar de Zeca. 

Amigos próximos do ex-governador disseram à reportagem que Zeca deixou a disputa pelo governo, mas que isso não significa que “abandonou o páreo político'. Eles creem que Zeca pode, ainda, concorrer à vaga de deputado federal ou estadual.

Ferreira, chefe do diretório estadual do partido, avisou que a troca na pré-candidatura ao governo deve ser anunciada em breve, e que Giselle é um nome debatido entre os petistas, mas ainda falta consenso entre os partidários.

Até a semana passada, Giselle se dizia pré-candidata ao Senado, mas o discurso mudou na quarta-feira (6), com a renúncia de Zeca. 

Em entrevistas, ela tem se mostrado entusiasmada com a possibilidade de se tornar pré-candidata ao governo. O PT admite que Giselle é a “mais cotada' entre os petistas e informou que anuncia a mudança “em breve', mas não fixou data.

A única vaga ao Senado, hoje ocupada pela presidenciável Simone Tebet (MDB), cujo mandato expira em janeiro de 2023, quem deverá concorrer é o professor universitário Tiago Botelho, da região de Dourados. Ele tem dito isso nas redes sociais, em que aparece em fotos ao lado de petistas com mandato, como Pedro Kemp, deputado estadual, e Vander Loubet, deputado federal.  

A executiva estadual, no entanto, não oficializou a pré-candidatura do professor.

PRIMEIRO VOTO

A mobilização pelo incentivo à emissão do título de eleitor ocorre desde o fim de março. Pelas redes sociais, o PT informa que, até agora, pelo menos 30 mil adolescentes entre 16 e 17 anos foram atrás do título.

Contudo, baseada em números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a legenda cita que pelo menos 82 mil adolescentes sul-mato-grossenses podem emitir o documento para votar. Ou seja, há ainda cerca de 50 mil adolescentes que não emitiram o documento.  

Pelo Facebook, o PT de MS informa que o setorial de Juventude do Partido dos Trabalhadores tem se mobilizado para conscientizar os jovens da importância de participar do processo eleitoral brasileiro para mudar os rumos da política do País.  

No comunicado, Taty Brum, secretária do setorial de Juventude do PT de MS, diz que é preciso ressaltar a importância da participação nesse processo. 

“Nós temos visto o ataque a direitos fundamentais para sobrevivência. Direitos esses que foram conquistados com muita luta popular e concretizados em projetos políticos votados nas urnas. É de extrema importância a participação de toda a população nas decisões políticas, pois é nela que nossa vida social é decidida', relata a militante.

Taty argumenta ainda que o “desinteresse em relação à política é fruto de um projeto elitizado, neoliberal e fascista, que nos desgasta e nos faz desacreditar, deixando assim o caminho livre para os maus políticos atuarem'.

No Brasil, o voto é obrigatório para maiores de 18 anos e facultativo para analfabetos, maiores de 70 anos e pessoas com idades entre 16 e 18 anos.

Sigla enfrenta dificuldades em MS 

Enquanto no Brasil o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em primeiro nas pesquisas para presidente da República, em Mato Grosso do Sul, o Partido dos Trabalhadores enfrenta obstáculos para estruturar sua chapa para as eleições de outubro. Há dificuldades de nomes e apoios nos municípios.