Mato Grosso do sul
Trânsito mata mais e multa menos em 2022
De janeiro a março deste ano, o Detran-MS aplicou 75.370 multas, uma média de 25,1 mil notificações por mês
CORREIO DO ESTADO / MARIANA MOREIRA
Dados do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran) apontam que, no primeiro trimestre deste ano, 27 pessoas já morreram em decorrência de colisões em Campo Grande, nove a mais do que no mesmo período de 2021.
Em concomitância, enquanto o trânsito da Capital matou mais, menos multas foram aplicadas pelo Departamento de Trânsito do Mato Grosso do Sul (Detran-MS).
De janeiro a março, de acordo com dados do Detran-MS, foram aplicadas 75.370 multas, uma média de 25,1 mil notificações por mês. Se comparada à média de 31,3 mil penalidades emitidas a cada mês de 2021 em Campo Grande, a redução de punições foi de 19,5%.
Em todo o ano passado, 375.302 infrações foram emitidas, a segunda maior média dos últimos cinco anos, atrás apenas das 378.909 multas emitidas em 2020.
Ao Correio do Estado, a chefe de Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta, relatou que todo acidente é acompanhado de uma infração, seja por velocidade excessiva, seja por documentação vencida ou alcoolemia.
“Os bons condutores são maioria, porque quem faz o correto no trânsito, quem obedece as leis são a maioria. Mas, quando alguém é multado, costumamos dizer que é um acidente que foi evitado', salientou.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, 839 sinistros (acidentes) com vítimas foram registrados na Capital. Entre as colisões sem vítimas, incluindo atendimentos de conciliação, foram registradas 2.111 ocorrências.
Em um recorte mais preciso, os motociclistas são as maiores vítimas do trânsito. Nos primeiros três meses do ano, 19 condutores de motos perderam a vida, conforme dados compilados até o dia 31 de março.
Comparado ao mesmo período do ano passado, houve crescimento de 137,5% nos registros de mortes de motociclistas, quando oito pessoas perderam a vida em acidentes no município no primeiro trimestre.
Segundo o sistema de monitoramento de acidentes no trânsito do Ministério da Infraestrutura, motos estão em segundo lugar no ranking de veículos envolvidos em acidentes em Campo Grande, por volta de 24,05% das ocorrências registradas entre 2020 e 2021.
As motocicletas perdem apenas para os veículos, que representam 48,22% dos acidentes na Capital.
FISCALIZAÇÃO
Conforme a Agetran, todas as blitze na Capital são realizadas em conjunto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e o Detran. O período de maior incidência dos acidentes começa a partir das 6h de sexta-feira e segue nas noites de sábado, das 18h às 23h59min, e no domingo, de 0h às 5h59min.
Apesar de a concentração das colisões ocorrer nos fins de semana, durante fiscalização da GCM na Rua Joaquim Dornelas, entre a Avenida Salgado Filho e a Rua 26 de Agosto, na tarde de quinta-feira, em um intervalo de apenas uma hora, oito motocicletas e dois veículos foram apreendidos pelos agentes de segurança em decorrência de infrações.
Conforme apurado pela reportagem, o número é considerado alto pelo dia e horário da blitz.
MAIOR INCIDÊNCIA
Dados da Agetran apontam que os acidentes de trânsito são registrados com maior frequência em Campo Grande nas avenidas Afonso Pena, Guaicurus, Duque de Caxias e das Bandeiras.
De acordo com o especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira, por serem vias extensas e que cortam a cidade, são proporcionalmente locais de maior incidência de colisões.
“Tanto a Duque de Caxias quanto a Afonso Pena são avenidas extensas classificadas como arteriais, onde o trânsito não é rápido. Pelo próprio comprimento, os acidentes tendem a ocorrer mais nessas regiões', explicou.
Conforme Pereira, a Avenida Guaicurus, que é ideal para o tráfego por ser larga, estimula os motoristas a transitarem acima da velocidade permitida, o que resulta em mais colisões.
Para o especialista em trânsito, a solução para evitar acidentes está na prevenção aliada à fiscalização.
“Ações antes do acidente ocorrer e da população se colocar em risco são necessárias. Uma operação de bloqueio das vias se restringe a uma situação já instalada, com muitos condutores embriagados', pontuou.
MULTAS APLICADAS
Entre as 75.370 multas aplicadas pelo Detran-MS neste ano, as infrações gravíssimas, como dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou sob o efeito de álcool ou drogas, representam 18,13% das penalidades emitidas, por volta de 13,6 mil punições.
Na classificação grave, quando o condutor não usa cinto de segurança, por exemplo, o porcentual de multas aplicadas sobe para 22,75%, cerca de 17,1 mil notificações.
Em relação às infrações médias, que incluem conduzir o veículo com o braço para fora, 23,5 mil multas foram emitidas pelo Detran-MS de janeiro a março deste ano, por volta de 31,29% do total de penalidades registradas no primeiro trimestre na Capital.