Cúpula da Câmara vê caso Silveira com preocupação e teme que Casa ‘sirva de escudo’ para descumprimento de decisão judicial

Deputado federal afirmou que não cumprirá determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para colocação de tornozeleira eletrônica

JOVEM PAN / ANDRé SIQUEIRA


Daniel Silveira (União Brasil-RJ) foi preso em fevereiro de 2021 após ataques a ministros do STF / DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

A cúpula da Câmara dos Deputados acompanha com preocupação os desdobramentos do caso envolvendo o deputado federal Daniel Silveira (União Brasil-RJ). O parlamentar afirma que não cumprirá a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a instalação de tornozeleira eletrônica. Integrantes da cúpula da Casa ouvidos sob reserva pela Jovem Pan na tarde desta quarta-feira, 30, afirmam que a instituição não pode “servir de escudo” para descumprimento de uma decisão judicial. “É simples, decisão judicial se cumpre”, disse à reportagem um membro da Mesa Diretora. Segundo relatos, o grupo avalia que Silveira pode “arrastar o Legislativo” para uma crise institucional.

Mais cedo, também nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), divulgou uma nota à imprensa defendo que é “ideal que o STF analisasse logo os pedidos do deputado Daniel Silveira e que a Justiça siga a partir desta decisão – mais ampla da nossa Corte superior”. Em outro trecho, Lira diz condenar “o uso midiático das dependências da Câmara”, mas acrescenta que é “guardião da sua inviolabilidade”. Após a manifestação do comandante da Casa, o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, marcou para o dia 20 de abril o julgamento da ação penal contra Daniel Silveira.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, o parlamentar do Rio de Janeiro foi preso em fevereiro de 2021, após a divulgação de um vídeo com ataques aos ministros do STF e apologia ao Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais repressivo da Ditadura Militar. É sobre este caso que Daniel Silveira será julgado pelo Supremo no dia 20 de abril. Os magistrados decidirão se condenam, ou não, o parlamentar.