Mato Grosso do sul
Dólar, Bolsa e petróleo caem diante de riscos de inflação e Covid na China
A disparada dos preços é interpretada desde a última sexta como um sinal de juros mais altos do que o teto de 12,75% previsto pelo BC
CORREIO DO ESTADO / FOLHAPRESS
O mercado financeiro do Brasil trabalhou nesta segunda-feira (11) sob o impacto do susto da maior inflação para março em 28 anos, revelada na última sexta (8), e que surpreendeu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 'A gente teve um índice mais recente que foi uma surpresa', disse a autoridade monetária.
A disparada dos preços é interpretada desde a última sexta como um sinal de juros mais altos do que o teto de 12,75% previsto pelo BC. Isso indica a investidores estrangeiros que o país continuará oferecendo retorno vantajoso para aplicações em renda fixa.
Expectativas de continuidade da entrada do fluxo de capital estrangeiro levaram o dólar a uma baixa de 0,46% nesta sessão, fechando o dia cotado a R$ 4,6910.
No exterior, bolsas globais tiveram um novo dia de quedas generalizadas. Temores sobre os efeitos do lockdown no coração financeiro da China derrubaram os mercados na Ásia e com eles também foram para o fundo os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, sinais de que os juros de referência serão severamente elevados seguem alimentando temores de que o remédio para combater a maior inflação em 40 anos poderá alimentar uma futura recessão.
Cenários interno e externo desfavoráveis para o crescimento de empresas explicam a baixa de 1,15% do Ibovespa, o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira.
Na China, o índice que segue as ações das principais empresas listadas em Xangai e Shenzhen desabou 3,03%. A segunda foi igualmente ruim na Bolsa de Hong Hong, que despencou 3,09%.
Diante do avanço dos casos de Covid-19, autoridades chinesas submetem os 26 milhões de habitantes de Xangai a rigorosas regras de restrição de mobilidade.
A política sanitária de Pequim mira zerar as infecções. Investidores temem que o efeito colateral seja uma nova desorganização das cadeias de abastecimento e que isso paralise economias que ainda tentam se recuperar das piores fases da pandemia.
O preço do petróleo Brent caía 3,71% neste fim de tarde, a US$ 98,97. Com essa cotação, o barril mergulhava abaixo dos US$ 99,08 do fechamento de 24 de fevereiro, dia em que tropas russas invadiram a Ucrânia.
Preocupações sobre a restrição que a guerra poderia impor à oferta da commodity fizeram o preço de referência do petróleo bruto escalar aos US$ 127,98, em 8 de março.
Neste momento, além do lockdown na China, os preços do petróleo também são empurrados para baixo pela decisão dos Estados Unidos e de outros países de liberar milhões de barris de suas reservas estratégicas. A medida busca frear a inflação mundial dos combustíveis.
O mau humor também era sentido no mercado de minério de ferro, cujos contratos mais negociados se desvalorizaram.
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações caíram, enquanto os rendimentos dos títulos de referência do Tesouro escalaram ao maior patamar desde 2019.
O indicador de referência de Nova York, o S&P 500, perdeu 1,69%. A principal influência negativa veio do setor de tecnologia, conforme revelou a queda de 2,18% do índice Nasdaq. O Dow Jones recuou 1,19%.
Investidores começam a buscar proteção na renda fixa diante das sinalizações de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá elevar juros de forma mais agressiva e reduzir suas posições em títulos.